Escrever: tem coisa pior?
Escrever: tem coisa melhor?
Esses dias mesmo eu comentava com uma amiga que a produção do livro “A Incrível Viagem de Shackleton” só foi possível porque a grande maioria da tripulação tinha a prática de narrar detalhadamente suas experiências num diário.
A Viagem de Shackleton é considerada uma das aventuras humanas mais perigosas e impressionantes da história.
O navio Endurance parte para explorar a Antártida, o “recém” descoberto continente, absolutamente inóspito e cheio de mistérios.
O Endurance acaba ficando preso em placas gigantescas de gelo, lançando a tripulação numa luta pela vida, com comida escassa, sem possibilidade de comunicação com o mundo exterior e, quase sempre, em temperaturas muito abaixo de 0ºC.
Mesmo assim, mesmo nessas condições, mecânicos, engenheiros, um cozinheiro, físicos, geólogos, maquinistas, fotógrafos, meteorologista, enfim, quase toda a tripulação tinha a prática de escrever diariamente, e esses registros foram fundamentais para contar essa grande aventura para o mundo.
Não acredito que essas pessoas tivessem um treino específico em sua língua de origem.
A gente sabe que o ensino da língua inglesa, por exemplo é muito superior ao ensino da língua portuguesa em nosso amado e odiado Brasil. Mas, mesmo assim. É provável que na época de formação desses trabalhadores, as taxas de alfabetização não eram lá essas coisas, mesmo na Inglaterra, Escócia, etc.
Acredito firmemente que cada membro da tripulação do Endurance aprendeu, em algum momento, que havia uma riqueza única em escrever seus diários, devem ter começado a praticar na adolescência e, então, participaram não só de uma das maiores aventuras já vividas, mas também ajudaram a narrá-la.
O que eu quero dizer é que não tem desculpa para você se aprimorar na escrita. Se o Brasil não é perfeito no ensino do Português e da Redação, a internet está aí, há livros e mais livros disponíveis para baixar, há cursos e cursos acessíveis para quase todos.
Quantas descobertas, novas teorias, conhecimentos, histórias, só nos são acessíveis, hoje, porque alguém de grande espírito manteve um diário, acreditou na sua riqueza interior e no poder da palavra, e se esforçou ao máximo para contar a própria história e descrever as coisas exteriores com a maior clareza possível…
Escrever sobre os próprios sentimentos, descrever seus pensamentos e tentar organizar o seu mundo interno é uma forma fantástica de trabalhar a escrita.
Afinal, está aí um objeto sempre presente, sempre disponível (se você permitir), e sempre pedindo auxílio pra se organizar: sua psique, sua vida interior.
Comece de dentro!
Escreva e viva!
Escrever é também escavar a sua realidade cotidiana, aparentemente monótona, às vezes tão vazia de sentido… E, com as palavras, traduzi-la, manifestá-la de maneira consciente, dar uma forma a ela, e assim, dar-lhe um sentido.
Escreva e viva!
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